Caro existencial,
Já se perguntou para que serve uma chave? Provavelmente não, correto? Não perguntamos porque é de compreensão “geral” que a função da chave é abrir algo que esteja fechado para nós. Você poderá ter acesso às aulas completas na comunidade heideggerfacil.
BINGO!
Por essa razão que nós do projeto @heideggerfacil decidimos criar essa página. Ela foi preparada com uma única finalidade, fazer com que você abra 4 portas de compreensão e articulação de um dos grandes edifícios de Martin Heidegger.
Por óbvio que as quatro chaves apresentadas abaixo não vão abrir todas as portas, mas ao menos você terá as chaves de algumas das portas principais, tudo bem?
Sem mais demoras —, vamos as chaves!
#01 – EXISTÊNCIA (Existenz)
Heidegger distingue o modo de ser da existência (Existentia) pensado como um puro subsistente (Vorhandeheit), algo que existe porque está diante de nós, da existência (Existenz) como modo se ser de um ente que se relaciona com o seu ser e compreende que existe. Esse ente tem um privilégio ôntico e ontológico. Esse ente é o ser-aí (Dasein) humano.
Ek-sistir = Ek (fora) sistir (insistir)
Ek-sistir é insistir para fora (além de si)
Existência é um modo fundamental de transcendência único e exclusivo do ente que existe, este ente é o Dasein.
A pedra não transcende, logo não existe!
Deus não transcende, logo não existe!
O Dasein transcende, logo existe!
O Dasein existe para além/fora de si. Compreender que o ente humano (Dasein) existe (ek-siste) se justifica pelo simples fato de que trans-acendência é movimento para além de si, e sendo sempre fora de si, o ser-aí humano se mantém (não ek-stático) até a sua morte.
#02 – DASEIN (Ser-aí)
Da(ai) ⇆ sein(Ser) = aí-ser ou Ser-aí.
DA | SEIN
DA = AÍ
↕ ↘
SEIN = SER
Aí → Abertura para o SER
AÍ → Abertura como “MUNDO”
AÍ → Abertura para o MUNDO
A abertura (AÍ) do SER é sempre a abertura do seu SER em virtude (Worrum-willen) de si-mesmo, como mundo e para o mundo. Isso implica dizer que o ser do ente humano que Heidegger denominou de Dasein tem uma relevância absurda para si, de um modo tal que sendo sua abertura de mundo, o Dasein sempre se relaciona consigo num modo de compreender o mundo que é o seu mundo. Mais adiante compreenderemos o Dasein como sendo-no-mundo. Por hora apenas queremos aclarar o sentido de Dasein para designar o humano e sua relação com o seu ser. Não seria possível conceber um humano sem um mundo.
#03 – SER-NO-MUNDO (In-der-Welt-sein)
In-der-Welt-Sein é a junção em alemão para a estrutura apriorística e básica do Dasein. In-der-Welt-Sein quer dizer Ser-em-o-mundo. No entanto, para ficar mais simples se traduz apenas por “ser-no-mundo”. Ser-no-mundo é o que Heidegger chamou de existencial elementar, isso significa que esse existencial constitui a unidade fundamental do Dasein, mas não a sua unidade total do ser do Dasein. Para Heidegger o cuidado (sorge) é que constitui o todo elementar e fundamental do ente que existe. Comecemos então afastando o que não é “mundo”, para depois compreendermos o mundo tal como Heidegger propõe em Ser e Tempo.
Vamos destacar agora o caráter negativo (o que NÃO é mundo) de mundo para Heidegger!
Mundo NÃO é:
Mundo NÃO é o grande cosmo
Mundo NÃO é o repositório de todos os entes
Mundo NÃO é o planeta em que vivemos
Mundo NÃO é o espaço que comporta a natureza
Mundo NÃO é o espaço onde pessoas estão contraposta às coisas
Mundo NÃO é a subjetividade de cada ente pessoa humana
Vamos agora pensar o cáter positivo (o que É mundo) de mundo para Heidegger.
Mundo é:
Mundo É um existencial fundamental do Dasein
Mundo É a teia que remete uma ente ao outro
Mundo É o horizonte que possibilita a aparição dos entes
Mundo É horizonte de significatividade
Mundo É relacionalidade do Dasein com entes em virtude do seu ser
Mundo É o que possibilita a compreensão, interpretação e fala do Dasein
A positivação do sentido de “mundo” para Heidegger evidencia que ser-no-mundo é além de uma estrutura a priori, isto é anterior a todo e qualquer comportamento do Dasein, também é a condição que possibilita com que o ente que somos se comporte em relação aos entes intramundanos (martelo, caneta, mobile e etc.), mas também com o Co-Dasein que compartilhamos nosso “mundo”.
#04 – IMPESSOAL (Das-man)
Ser no modo da impessoalidade com os outros (Das Man) é o modo como na maior parte das vezes somos. Os outros não são aqueles dos quais eu estou contraposto, os outros são aqueles dos quais eu sempre já me encontro.
Isso porque na cotidianidade mediana, imerso no automatismo e no fluxo das ocupações o meu ser (o si-mesmo) se encontra existindo no modo como os outros existem. A partícula “se” indica muito bem esse caráter de impessoalidade do ser do Dasein cotidiano.
Dessa forma podemos compreender o modo do si-mesmo na impessoalidade com algumas máximas, exemplo:
a) eu critico como se critica,
b) eu vou me desligar do sistema com se desligar do sistema.
Observe que nessas duas máximas a indeterminação que propões a partícula “se” impede que eu e você “afisionemos” o Das man.
Memorizemos o si-mesmo nos modos próprio e impróprio:
a) Ser-si-mesmo → propriamente
b) Ser-si-mesmo → impropriamente
Memorizemos agora a existência do si-mesmo nos modos autênticos ou inautênticos:
a) Si-mesmo → existindo → autenticamente
b) Si-mesmo → existindo → inautenticamente
Agora pensemos esquematicamente a título de memorização:
DASEIN (Ser-aí)
↓
Ser-em-o-mundo (In-der-Welt-Sein)
↓
Ser-em (In-sein)
↓
Existencia (Existenz)
↓
Nos modos
↙ ↴
Propriamente si-mesmo ou Impropriamente si-mesmo
Os outros me furtam o ser. Esses outros não são aqueles que pertencem a um determinado grupo A ou B. Não podemos compreendê-los como aquele grupo que levanta determinada bandeira ideológico-política. Os outros não são aqueles dos quais eu me contraponho numa determinada linha argumentativa. Os outros, Heidegger denominou como o impessoal (Das man).
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